sábado, 4 de fevereiro de 2017

Zion National Park

30-1-2017

Mais um parque nacional para a nossa lista: Zion National Park. Já chegamos à conclusão de que parque nacional é sinônimo de garantia de um ótimo passeio!

Entramos no parque um pouco depois das 10 horas, quando já não estava mais muito frio. Mais um dia de sol na viagem! Não é apenas sorte. O índice de chuvas aqui é baixo, quando comparamos com o que estamos habituados no Brasil, já que é uma região desértica.


A entrada também é de U$ 30,00 por veículo particular e vale por 7 dias. Logo após a entrada está o Visitor Center e o início da Zion Canyon Scenic Drive, que é a estrada que entra no parque. A estrada é curta, cerca de 6 km, e é toda pavimentada. Na baixa temporada, final de novembro à metade de março, é possível ingressar de carro. Na alta temporada é necessário utilizar o transporte do parque, que passa na frente da maioria dos hotéis e leva ao parque. Dentro do parque, o ônibus para nos locais de interesse e de onde saem as trilhas. Nessa época eles não transitam.

Estrada do parque
Depois que entramos no parque entendi o motivo do ônibus. Esta parte principal do Zion é pequena, com pouco estacionamento, e ficaria inviável com um grande trânsito de veículos. Então, aí está uma vantagem de ir nessa época: não depender do ônibus.

Nossa primeira parada foi no "Court of the Patriarchs" (Abrãao, Isaac e Jacó), da foto abaixo. No pico da direita há um outro monte associado, chamado Monte Moroni. O Utah é talvez o estado mais religioso dos Estados Unidos, e Moroni é o nome do filho de Mórmon, que revelou as escrituras que deram origem à religião.

Court of the Patriarchs
E mais um pouco da estrada, que não se chama scenic drive por pouca coisa... O carro está ali para dar uma noção do tamanho das pedras.


Para as pedras aparecerem, o jeito foi "cortar" nossos pés...

O que é essa árvore????


Depois dessa estrada, chegamos ao "fim da linha", onde acaba a scenic drive, inclusive porque ali as pedras ficam mais próximas, formando um caminho estreito. Há um estacionamento e a partir dali o percurso é pela Riverside Walk, feito a pé, por 1600 metros de ida e retorno pelo mesmo caminho. Ao final da Riverside Walk, o estreitamento aumenta, afunilando ainda mais o canyon. A esse local chamam "The Narrows". Para caminhar dali em diante, é preciso colocar as pernas na água, indo por dentro do rio. Na parte dos "The Narrows", a largura da passagem é de 8 metros e a altura média é de 800 metros de cada lado!!! Os Rangers alertam para o risco de "flash floods" que podem ser repentinas e fatais. No entanto, apesar do alerta, elas não são tão comuns e geralmente há previsão.

Se a parte que fizemos já era linda, fico imaginando o que poderia encontrar adiante... Aliás, o caminho tem esse nome porque vai seguindo ao lado do Virgin River.


Começando a caminhada pela Riverside Walk

Mais esquilos pelo caminho: multa de U$ 100,00 para quem os alimentar
Aqui seria uma cachoeira... até escorria um pouco de água, mas a maior parte estava congelada! Dá um pouco de medo ver partes das placas de gelo penduradas nas paredes se desprendendo. Imagina-se que, caso o risco fosse iminente, os Rangers avisariam ou bloqueariam a passagem, mas o tamanho das placas nas paredes é assustador e de vez em quando se escuta um estrondo alto delas caindo. Outro risco são as pedras, milhares, penduradas, sem aviso prévio de quando irão finalmente cair. Há deslizamentos após as chuvas, mas esses os Rangers em geral os preveem observando novos fluxos de água nas paredes onde antes não se via. Esse é o primeiro sinal de que um deslizamento pode ocorrer, segundo explicações do Visitor Center.


Antes eu disse que o caminho era todo asfaltado (por isso que não deve ser chamado de trilha, como os demais), mas no nosso caso ele era de gelo mesmo, o que é muito pior do que se fosse de neve! Tentávamos sempre caminhar por onde ainda tinha um pouco de neve ou de barro, porque o gelo é muito escorregadio.


Essa parte do caminho mostra bem como é o piso, já que essa enorme pedra, protege o piso. Essa passagem é incrível! Aqui o interessante é clicar na imagem para aumentá-la.


E então chegou a triste hora de nos depararmos com essa placa abaixo. A Riverside Walk estava fechada por causa do gelo na metade do caminho. Sabiamos disso pois conversamos com um Ranger no Visitor Center, mas mesmo assim vale ir até o ponto de interdição. De qualquer modo, se por um lado (bom!!!) no inverno não precisamos retornar para o Visitor Center dentro de um ônibus cheio de gente suada e suja de barro, por outro lado essa é uma das desvantagens de viajar nessa época: o gelo acumulado impede que se façam algumas trilhas e caminhos.

E esse é um dos motivos pelo qual eu planejo voltar um dia a esse parque: fazer as trilhas que dessa vez não foi possível, especialmente a Riverside Walk até o fim.


No retorno, fomos até o rio, o mesmo que acompanha o Riverside Walk.




E a altura dessas pedras? Reparem no Emerson e na Cecília próximos ao rio, nas próximas três fotografias.



É difícil em fotos dar a perspectiva do real tamanho dos paredões. Mas é como se houvesse um caminho rodeado por "Corcovados" por todos os lados. A altura média dos paredões do Zion é de 800 metros em relação à base do canyon. O morro do Rio tem pouco mais de 700 metros em relação ao mar. Então, a sensação de estar na Lagoa Rodrigo de Freitas na altura do Humaitá e olhar para cima é parecida a estar no Zion. Com a diferença que no Zion há "Corcovados" em toda a volta!!!

Emerson registrando nossa viagem

Ah... mas encontramos outra trilha para fazer!!!Se não dava para chegar a "Emerald Pool" pela "Lower Trail", classificada como fácil (2 Km ida e volta), resolvemos seguir até lá pela "Kayenta Trail" (3,2 Km ida e volta), que é moderada. Foi nela que entendi a utilidade daqueles bastões utilizados em trilhas.

O acesso é feito por essa ponte. Ao fundo dá para ver as pessoas subindo. Já aviso: totalmente inviável para quem tem medo de altura.


No início, perguntamos a um casal se a trilha era perigosa, afinal estávamos com a Cecília. A resposta foi que não (bem convincente), apenas com partes de lama. E o casal tinha muitos anos a mais que nós. Confiamos e seguimos em frente.




Pois é... a gente sempre pensa: é só aqui que está assim, vai melhorar lá pra frente. Daí o caminho é desse jeito, com o detalhe que a fotografia não mostra muito bem: o penhasco à esquerda.
Não entendo como cruzávamos por várias pessoas que caminhavam como se aquilo fosse uma calçada. Tinha até uma mulher que passou por nós correndo!!! E depois cruzamos novamente por ela, ou seja, ela saiu e, quando estávamos retornando, ela resolveu voltar!!
Certamente se não houvesse essa lama, seria muito mais tranquilo. Acho que não daria tanto medo, pois o problema maior é que em  vários pontos, como na foto ao lado, há cerca de meio metro de largura de barro e nada ao lado como recurso em caso de escorregão. Claro que não são todos os pontos em que não havia nem uma pedra ou árvore contendo a encosta, mas em vários pontos era só barro e uma queda de até 100 metros de altura, que era a elevação máxima da trilha. Ali, muito cuidado, calma e foco total.

Detalhe: diz a Cecília que não ficou com medo na trilha e adorou pisar na lama.
E continuamos subindo e contornando o morro
Em compensação, quando conseguíamos aproveitar, a vista era linda! Dava para ver o rio de cima...


Então chegamos o mais longe que conseguimos. Ali acabava a Kayenta Trail, mas tinha mais um percurso (pequeno, é verdade), para chegar a "Emerald Pool". Dali já se avistavam as três cachoeiras. O único barulho era o da água. Lindo! Mas a descida até a parte de baixo nos assustou um pouco e resolvemos que para nós estava bom até ali. Só não aproveitamos mais o momento, porque lembramos que teríamos que fazer todo o percurso de novo para voltar...


Essa parte do caminho estava ótima! Se fosse assim sempre o passeio teria sido perfeito! A vegetação fazia uma espécie de proteção e dava uma sensação de segurança. O problema era a ausência de vegetação somada à lama. Daí era melhor focar na lama e seguir em frente!





Olha ali a ponte! Estamos chegando perto do fim. Sobrevivemos sem nenhum arranhão, apenas com muita sujeira nos calçados. O tênis do Emerson, que já tinha revelado um "orifício de ventilação não projetado pelo fabricante" (furo!!!) pela manhã, ficou por lá, numa das lixeiras do parque.




Voltamos ao rio para despedida. Esse parque é lindo! Vale muito a pena... fica a pouco mais de 250 Km de Las Vegas, quase todo o percurso em autoestrada, o que dá pouco mais de 2 horas e meia. Muita gente vai de Las Vegas ao Grand Canyon, que é mais longe, e simplesmente ignora (ou nem sabe que existe) o Zion. O Grand Canyon é lindo, impressionante, mas o Zion vale o deslocamento. Aliás, Las Vegas dá um ótimo ponto de partida para um roteiro circular por lugares incríveis como este.



E para encerrar o assunto da trilha, aqui é a parte que dá para ver do estacionamento... marquei na foto para todo mundo achar as pessoas na trilha!!! Esse é o final dela, quase no nível do rio, mas ainda assim, muito alto.


Hora de ir para Las Vegas, pegar nosso voo de volta pra casa. Viajar é ótimo, voltar para casa também! Até a próxima viagem.




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